domingo, 4 de março de 2018

Governança na 4ª. Revolução Industrial



Dirigir ou conduzir uma organização do século XXI não é 
simplesmente um exercício de gerenciamento técnico.

Quando ouvimos a palavra Governança imediatamente pensamos em empresas e organizações. Mas, seria a Governança um fator facilitador ou complicador para a cultura das empresas e das pessoas na 4ª. Revolução Industrial?

Minha visão é de que ainda que sua equipe e sua organização não pratique a Governança ou não esteja totalmente preparada para a 4ª. Revolução Industrial, você pode (e deve) sim criar as bases para ter uma cultura de Governança em seu departamento que siga minimamente os preceitos das linhas mestras da Governança Corporativa, bastando para isso mais esforço de sua parte e de sua equipe, disposição para enfrentar desafios, e principalmente para a tomada de decisões de forma rápida, concisa e assertiva.

Muitas pessoas, e em especial, os gestores de pequenas empresas ou organizações podem ter o sentimento de que estamos falando de algo complexo e sofisticado de ser criado e gerenciado.

Em fato não é!

Para esclarecer esta dúvida, quero primeiro conduzir seu raciocínio para os domínios de negócios no século XXI e no contexto cultural da 4ª. Revolução Industrial, ou, Industria 4.0.

Com o advento da tecnologia e da chamada 4ª. Revolução Industrial, a informação tem se tornado um valor em si mesmo, pois sem ela negócios perdem em eficiência e eficácia. Dados e informações por vezes permitem criar novos negócios, na mesma medida em que aumentam a velocidade com que negócios podem ser realizados. Ou seja, velocidade é essencial em um mundo globalizado e pressionado por custos, onde negócios precisam ser dinâmicos e a tecnologia precisa ser um aliado na busca por maior dinamismo e velocidade capaz de atender aos anseios do negócio.

Mas ao mesmo tempo a organização precisa estar preparada para esta velocidade e dinamismo, sem deixar de ser transparente, ética e responsável. Além disso, temos em último ponto que observar: a questão cultural de onde a organização esta inserida.

Para entender a questão cultural de onde uma empresa ou organização esta estabelecida e realiza seus negócios, podemos utilizar genericamente o modelo cultural de Lewis (detalhes disponíveis em https://www.crossculture.com/latest-news/the-lewis-model-dimensions-of-behaviour/ ).

Neste modelo, constatamos que os valores de uma sociedade em relação aos processos e a forma como reagem às ações necessárias, podem ser representadas em 3 extremos: Ativo – Linear: exemplificado pela conduta do povo Alemão e do povo Suíço. Reativo: exemplificado pela conduta da maior parte dos povos Asiáticos. Emocional ou Multi-Ativo: exemplificado pelo Brasil e países latinos em geral.

Parece duro de ouvir este diagnóstico de que nós brasileiros, assim como nossos irmãos latinos, somos considerados “multi-ativos” por tomarmos decisões não puramente racionais, mas decisões com base no calor, emoção, eloquência ou impulso. Já presenciaram isto alguma vez em suas carreiras? Eu já vi isso dezenas de vezes.

Mas se olharmos comparativamente este efeito cultural em diferentes organizações ou empresas de um mesmo segmento de atuação, porém pertencentes a dimensões diferentes no modelo cultural de Lewis, podemos identificar diversos aspectos em seu comportamento de Governança que estão diretamente relacionados com a sua cultura, em especial, do local de sua operação.

Não estou aqui defendendo um tipo cultural ou o outro, todos tem suas vantagens e desvantagens, mas percebam que todos demandam um mesmo tipo de ambiente adequado para existirem e estabelecerem condições para a Governança.

Este ambiente adequado para as organizações é aquele onde as linhas mestras da governança são possíveis e respeitadas, e onde há legalidade e legitimidade para que elas possam existir respeitando as leis e legislações em vigor, e também as linhas mestras da Governança Corporativa: Transparência, Prestação de Contas, Equidade, e Responsabilidade.

Como conseguir tudo isso?

Mantenha tudo simples, e lembre-se de tomar decisões com ética e dentro da razão, ou como diria o Professor e Filósofo Marcos Weiss: “eu posso concordar com o risco, mas não posso concordar com a inconsequência”.

   
     

Marco Pozam é professor da Escola Paulista de Negócios
(https://www.linkedin.com/in/mpozam/) 

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