quarta-feira, 18 de julho de 2018

Autogestão



Autogestão, palavra praticamente autoexplicativa, contem em conteúdo subliminar aquilo que é a própria subjetividade da realidade intrapessoal de cada ser humano. Um conceito que enfatiza e ilustra bem, é a própria definição de competência [ conhecimentos + habilidades + atitudes + valores + entusiasmo = CHAVE (e não apenas CHA, como no passado) ], onde o querer é fator determinante, podendo ser realizador ou permanecer em estado latente, num amor platônico que nunca se concretiza. Se o ser não avançar nesse entendimento, que é o próprio autoconhecimento, focando no próprio aprimoramento técnico e comportamental, infelizmente vai-se ter muitas dificuldades, sobretudo no século 21, em um mundo que se inova e se reinventa numa velocidade nunca antes vista!

O ponto de partida é o auto reconhecimento – autoanálise – dos pontos fortes e de melhoria, criando planos de ações para a constante evolução, simultaneamente com a busca das ferramentas que serão necessárias para a melhor planejamento e execução de suas tarefas, para o alcance da excelência e resultados crescentes, criando uma espiral virtuosa onde a pessoa/profissional cresce junto com sua atividade na empresa/mercado. Sobre onde buscar esse conhecimento, nos bons centros de formação, onde se preparar e prosseguir num processo alternado ou continuo onde o profissional pode adquirir os melhores conteúdos e experiências, através de seus professores e network dentro e fora de sala.

É importante chamar para si a responsabilidade pelo próprio desenvolvimento e não delegá-la a terceiros. É necessário compreender, sem melindres, que a delegação é uma ação escapista e que nos coloca reféns de nós mesmo, em uma nebulosa zona de conforto. Assumir conscientemente seu próprio processo é a chave da realização pessoal/profissional, da felicidade/sucesso que todos almejamos. Usando de uma figura de linguagem, a situação é parecida a um doente que quer que os outros tomem seu remédio para que ele fique curado – isso simplesmente não existe.

É sempre importante separar competências em duas formas didáticas: comportamentais e técnicas. Quando falamos de autogestão, estamos nos referindo principalmente às tão subestimadas quanto essenciais competências comportamentais! Sem elas o ser não se estabiliza, está sem base, pois são as que realmente vão fazer, ou não, toda a diferença para autorrealização. As tão procuradas competências técnicas, numa avaliação técnica, podem ser obtidas através de cursos e treinamentos, bastando a utilização de recursos mínimos do grande manancial que é o potencial de cada ser humano. O ponto crucial é que todo conhecimento técnico arquivado, toda habilidade não exercida, se perdem o subsistem minimamente ao longo do tempo, se não houver de fato a postura atitudinal, através da vontade e do querer somados com os demais talentos que todos possuímos, mas que a maioria de nós ainda desconhece na quase totalidade.

Porém e infelizmente, nem todas as empresas possuem um RH devidamente preparado para uma apreciação mais profunda do ser em seus processos seletivos, que avaliam os candidatos em cima de padrões tão previsíveis e pré-estabelecidos que podem sofrera manipulação de seus avaliados, exceto, sem dúvida, em casos que envolvem transtornos ou patologias evidentes. As competências se tornam mais evidentes em dinâmicas de grupo onde exista o inusitado, que possa apreciar o ser tão autentico quanto possível. A entrevista por competência é um processo muito interessante, seja para as competências comportamentais ou técnicas, pois pode conseguir avaliar as realizações do profissional que possui um histórico razoável – o que não se aplica para aqueles que buscam o mercado pela primeira vez ou ainda com breve currículo. Na maior parte das vezes, nos processos atuais, convencionais, as competências não são de tão fácil evidencia e testes e provas especificas não são garantia de acerto.

Acredito que o a civilização global caminha para a autogestão muito bem desenvolvida. Obviamente que as velocidades são diferentes, decorrência da diversidade de culturas e disparidades socio-político-econômicas inevitáveis, além do crucial fator humano, já que uma sociedade é feita da somatória de seus membros e estamos falando de uma ação interna, pessoal, intransferível e que deve ser um permanente ciclo virtuoso em nossas vidas. Sociedades com indivíduos com esse comprometimento e engajamento, seria uma sociedade com pessoas que, acima de tudo, se amam e ao que fazem, realizando mais e melhor por toda vida!



Mauro Souza é professor da FGV e 
Gerente Executivo na EMPZ EduCon


sexta-feira, 13 de julho de 2018

Open Education Consortium

Estamos nos filiando ao Open Education Consortium e como membros passaremos a cooperar com instituições e organizações em todo o mundo 


quarta-feira, 11 de julho de 2018

O desafio de entender a ciência econômica: Dificuldade ou oportunidade?


Como digo aos meus alunos, o conhecimento, mesmo que básico, sobre a economia (neste caso relacionados as políticas econômicas) é algo que todo cidadão deveria ter, pois lhe dá fundamento para entender algumas das decisões que o país tem que enfrentar. Mas deixo claro também, que essa opção não é dada aos homens e mulheres do mundo dos negócios e futuros empreendedores, independente da sua formação. Para estes, entender economia (nos aspectos micro e macroeconômicos) é imprescindível (algo obrigatório). Não é possível imaginar um profissional da área de gestão (empresário, consultor, CEO, etc) que não tenha uma perspectiva clara sobre a teoria econômica.


Infelizmente essa “obrigatoriedade” esbarra em uma série de dificuldades, entre elas o trabalho hercúleo de ensinar teoria econômica a alunos de fora do curso de ciências econômicas (neste último também não é algo fácil). O que envolve uma sintonia fina entre aluno e professor, o entendimento das demandas de cada turma e os objetivos deste conhecimento/ferramental para a formação profissional dos alunos. Outra dificuldade está no próprio conteúdo, com sua vastidão e densidade, mesclando história, métodos quantitativos, comportamento entre outras áreas. Assim, caberia ao professor a sensibilidade para escolher o melhor material, que expressasse com clareza e objetividade esse conteúdo. Mas também cabe ao discente a visão de urgência e a paciência de encarar o desafio de aprender esse conhecimento, sendo essas características básicas para qualquer empreendedor.


Nessa linha destaca-se o conceito de empreendedor. Conforme o SEBRAE: “Ser empreendedor significa, acima de tudo, ser um realizador que produz novas ideias através da congruência entre criatividade e imaginação”. Por sua vez a criatividade, com base na análise de Maria Fernanda Vomero (Revista Super Interessante), “(...)está associada à independência de pensamento, à persistência, à curiosidade, à ousadia e ao inconformismo(...)”. Vomero complementa dizendo que os “(...)criativos partilham também de um rol de habilidades chamadas cognitivas: fluência de idéias, flexibilidade – ou seja, capacidade de aceitar conceitos novos(...)”, o que se encaixa perfeitamente na necessidade de aprender economia. Em síntese, não pensem na ciência econômica como dificuldade, mas como oportunidade. E assim sejam bem-vindos a uma nova forma de ver o mundo!




Paulo Rogério Alves Brene. Economista. Doutor em Desenvolvimento Econômico - PPGDE/UFPR. Mestre em Economia Empresarial - UCAM/RJ. Professor Adjunto da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Membro do corpo docente do Mestrado em Economia Regional - UEL e da Pós graduação em Economia Empresarial - UEL 

sexta-feira, 6 de julho de 2018

Tópicos de Economia (Livro)

Em parceria com a Editora Laços lançamos a segunda edição do livro Tópicos de Economia, dos professores Ronaldo Rangel da FGV e Dirceu Raiser da EPN, com prefácio do prof. Paulo Rogério Brene da Universidade Estadual de Londrina. 

A edição de agora, revisada e ampliada, será utilizada como manual em nossos MBA's.



quarta-feira, 4 de julho de 2018

E de repente... já mudou



Aperta... Aperta... Aperta...
Charles Chaplin, no seu clássico "Tempos Modernos", mostrou claramente a todos o que estava acontecendo com o mundo. De forma bem-humorada ridicularizou o trabalho de seu tempo e, tragicamente, sugeriu que a desumanização do trabalhador veio para ficar. Se não ficou, não foi por sorte, mas porque o mundo mudou, o trabalhador daquele filme e daquele tempo não ficou.
Esse era o padrão metal-mecânico (Fordismo), no qual o trabalhador precisava aprender a realizar sua função e as relações de trabalho eram extremamente hierarquizadas e estáveis.
Clica... Clica... Clica...
Três cliques depois, um consumidor como tantos outros terminou de realizar sua compra do mês. No final da tarde sua campainha irá tocar, ele deixará seu escritório para receber os funcionários do estabelecimento e os observar enquanto sua dispensa é abastecida. Só depois ele poderá novamente pegar uma lata de cerveja para beber enquanto trabalha.
Na era do clique a flexibilidade exigida dilui a hierarquização tradicional e altera a forma de contratação empregatícia; da mesma forma foram banidas certas habilidades e funções com a chegada da economia digital, sendo criadas novas profissões com base em novas especialidades.
Se no passado as empresas produziam para o consumo de massa, no chamado padrão micro-eletrônico (Toyotismo) produz-se apenas o necessário, com qualidade e personalização ao gosto (e bolso) do cliente. Mesmo as empresas do padrão antigo encontram-se alterando sua estratégia de produção.
Continua-se produzindo muito, mas seletivamente, pois precisam agradar a todos os clientes, independentemente de renda. Para elas, antes era mais simples: os anseios dos clientes eram padronizados, já que a produção precisava escoar.
Mas terá o padrão anterior sido abolido do mundo? Acreditamos que não. Ao invés disso, cremos na alteração das relações Capital x Trabalho e em um MIX do Fordismo e Toyotismo.
O trabalhador dos “nossos tempos modernos” (e não o do Chaplin) anda tendo uma trajetória diferente, em que não está mais bem definida a fronteira entre onde começa e termina a jornada de trabalho. Além disso tem estado exposto a todo momento, ou seja, possui a sensação ou responsabilidade de estar sempre conectado para satisfazer as necessidades do seu cliente potencial. Sem contar que tem desenvolvido a capacidade de ser “multitarefa” e solucionador de problemas que os trabalhadores dos “tempos modernos de Chaplin” nem se imaginavam ser.
Também não se pode dizer que estudamos e estamos capacitados para o mercado de trabalho, pois deve-se estar sempre mais preparado e atualizado tecnologicamente e culturalmente que no dia anterior. Isso para se evitar a estagnação e a obsolescência, que impossibilitam de se competir no atual modelo corporativo globalizado. O conhecimento está mais acessível e a informação flui mais rapidamente, possibilitando o surgimento de novas ideias que podem gerar novos produtos. Surgem a cada dia empresas de muito baixo capital, formais e informais, terceirizadas, prestadoras de serviços, autônomos, aumentando a pulverização do mercado. Mas se uma ideia é boa o bastante para que uma grande corporação a compre, volta-se a verificar o tradicional padrão de concentração do mercado. O profissional dessa nova era tecnológica necessita adaptar-se às fusões corporativas (concentrações) como também às terceirizações e subcontratações. Ou seja, deve ter capacidade de se viver tanto no modelo anterior como também no atual modelo econômico, marcado pelas pulverizações seja do conhecimento ou das empresas prestadoras de serviços terceirizadas, as quais alteram formas de contratação no mercado (diminuindo ou excluindo) qualquer tipo de vínculo empregatício.
Isso não é exatamente ruim. Convenhamos, do que adianta ter o conhecimento sobre algo se não podemos “compartilhar”, disseminar e acumular? Pois então, ainda seremos dependentes das "empresas concentradoras" para que nosso conhecimento seja transformado em benfeitorias e produtos, e sejam escoados no mercado.
Cada vez mais as empresas fazem o uso dos conhecimentos pulverizados e da tecnologia para melhorar seu processo fabril, melhorar seus produtos, ter um modelo logístico informatizado e estratégico - permitindo que o produto escoe não mais do Oiapoque ao Chuí, mas de Timbaúba (Pernambuco) ao Timaru (Nova Zelândia). Assim, se mantêm no mercado, produzindo equipamentos com ciclos de vida reduzidos e com alto índice de obsolescência, fomentando um mercado seletivo e em massa, atendendo os anseios de cada tipo de consumidor por produtos cada vez mais sofisticados e acessíveis. Por exemplo, computadores!
A indústria de computadores não possui estoque de seus produtos: produz equipamentos de acordo com o gosto e poder de compra do cliente. O consumidor pode comprar um produto personalizado pela web, optando por componentes caros da mais alta tecnologia; ou componentes de grande tecnologia, porém mais baratos e menos performáticos. O produto será composto por componentes vindos de toda a parte o mundo e será produzido em uma linha de produção de alta produtividade, que possui flexibilidade para mudar ou produzir diferentes produtos. Em poucos dias o computador é entregue, e se o consumidor for corporativo, ainda terá acesso a consultores técnicos e de venda 24 horas por dia.
Esses consultores não são contatados via telefone fixo, mas ficam em Home Office, disponíveis via celular e munidos de seus laptops, podendo acessar o sistema da empresa e fornecer uma proposta de produto a qualquer momento.
Ao que tudo indica, esse será o perfil do mundo globalizado. Facilidade, disponibilidade, flexibilidade, personalização, terceirização são palavras da moda, e assim devem permanecer por algum tempo. No entanto a tecnologia continua avançando, as inovações seguem acontecendo, as relações humanas vão se desenvolvendo, e não será de se espantar se houver, no futuro, novos "tempos modernos". Afinal, a economia é cíclica, e logo após um ciclo chega outro. E então? Como será a economia pós-digital?


Fábio Rigo é engenheiro de computação pela Unicamp com MBA em Gestão Estratégica de TI na FGV.