Os recentes debates sobre os limites e possibilidades do atual modelo de crescimento brasileiro aparentemente têm desconsiderado o interesse pela questão de sua abrangência e sua capacidade de influenciar estruturas produtivas locais, o que sem dúvida traz à tona o receio do agravamento das desigualdades, inclusive em termos regionais e municipais. Neste sentido, é de extrema importância a aplicação organizada do raciocínio sistemático à solução de problemas práticos específicos e locais. Em outras palavras, uma alternativa ao método de tentativa e erro. A escolha da análise de insumo-produto como ferramenta-base para a elaboração de estratégias de desenvolvimento regional está pautada em sua capacidade de gerar uma série de indicadores econômicos.
Conforme apresentado por Leontief (1988), a forma mais simples de descrever a matriz insumo-produto é dizer que esta mostra os fluxos de bens e de serviços, em termos financeiros, entre os diversos setores da economia de um país, estado ou município durante um determinado período de tempo. Em outras palavras, a matriz apresenta todas as inter-relações de compras e vendas (bens intermediários, bens finais, valor adicionado, etc.) de uma determinada economia.
Os resultados provenientes da matriz tornam possível identificar setores-chave para o desenvolvimento econômico e social da região analisada. A região, que pode ser um estado, município ou um conjunto de municípios, é analisada em sua estrutura produtiva e relações com o restante da economia por meio dos fluxos de bens e serviços intermediários com outras regiões (sistema inter-regional).
Por fim, destaca-se a motivação por detrás deste estudo reside na possibilidade de desenvolvimento de uma metodologia que auxilie os administradores públicos locais na formulação de estratégias de desenvolvimento regional. A utilização da matriz na orientação e implementação de políticas municipais, a partir de uma série de indicadores econômicos dela provenientes. Como exemplo, pode-se citar a orientação das políticas de isenção fiscal ou mesmo doação de terrenos, determinadas a partir dos multiplicadores ou geradores de emprego, salário, tributos, etc., assim como o estímulo da cadeia produtiva de acordo com os valores de transbordamento das variáveis mencionadas. Ou simplesmente a determinação de setores-chave identificados por meio dos índices de ligação ou mesmo do campo de influência, entre outros.
Paulo Rogério Brene é doutor em desenvolvimento econômico pela UFPR e professor da Universidade Estadual do Norte do Praná
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