Ultimamente muito
se tem falado sobre a 4ª revolução tecnológica e realmente o mundo mudou, dando
lugar a novas necessidades e diferentes oportunidades, e também na área de RH
inúmeras transformações marcam esta promissora realidade. Remotamente, temos o
modelo “staff” executores de
processos seletivos “linha de fábrica”, sem o menor conhecimento do negócio e
envolvimento com a cultura organizacional, ou até mesmo uma atuação específica
voltada ao Departamento Pessoal, onde os gerentes se restringiam à área com
frases do tipo: “passa lá no DP”.
Bem diferente deste
modelo de atuação, os RHs voltam-se hoje à necessidade de uma posição ativa nas
corporações, atingindo as áreas de forma participativa e encorajadora, apoiando
as mudanças com foco na sustentabilidade do negócio.
Sendo assim, a
importância e a clareza do papel do RH não se limitam a uma área específica de Talent Acquisition ou Folha de
Pagamento, mas cabe uma atuação expressiva junto aos diversos públicos
envolvidos na empresa. Afinal não é novidade que o primeiro cliente se trata do
colaborador e este sempre será o propulsor da interface com todos os stakeholders envolvidos da organização.
A corporação precisa ser vista como um organismo unificado sem feudos e, quanto
maior a sincronicidade entre as áreas, maior será o engajamento com o negócio.
Entender o core business da empresa se torna uma
tarefa crucial para um RH que almeja desenvolver pessoas e explorar o melhor de
cada um, disseminando o propósito corporativo e individual aos colaboradores e
aos diferentes partners
envolvidos. Parafraseando um velho gato
muito sábio: “Quando não se sabe aonde quer ir, qualquer caminho serve”, hoje
não é permissível sobreviver desta maneira, mediante notável competitividade do
mercado.
Desta forma, RHs
genuinamente sintonizados com o CEO da empresa ou a alta gestão consolidam a força motriz da
atuação capaz de disseminar com clareza o propósito da organização e,
sobretudo, apoiar diretamente as demais lideranças nos desafios relacionados ao
desenvolvimento humano, principalmente na promoção do sentimento de valorização
e crescimento profissional. Não me refiro somente a hierarquias institucionais,
mas ao crescimento do indivíduo como profissional e ser humano.
Atualmente, grande
número de jovens vêm atuando de forma empreendedora, seja para concretizar suas
aspirações, seja pelo desejo de flexibilidade proporcionada em ter o próprio
negócio, obtendo notoriedade e ganho futuro. Nota-se o crescente aumento de
startups dos mais diversos nichos e identificar talentos que almejem uma
carreira “in company” em empresas que
consigam despertar seu real interesse,
trazendo elementos que tornem sua permanência atrativa com significância,
flexibilidade, gestão horizontal e colaborativa, passa a ser um desafio, bem
como envolver os colaboradores para a manutenção do engajamento junto ao
negócio. Estes fatores implicam em um trabalho contínuo, principalmente na Era
digital.
Segundo o Sebrae, o
empreendedorismo neste momento é o maior nos últimos 14 anos, e palavras como coworking e Vale do Silício estão em
alta entre os jovens talentos, como sinônimo de cultura da inovação e do
empreendedorismo.
O mercado digital
nos apresenta um universo de possibilidades alinhado à Inteligência Artificial,
cada vez mais a alta gestão está em busca de resultados mensuráveis. Diante desta
realidade, profissionais de RH necessitam de dados postos a validação e a
confiabilidade, aderindo em sua rotina à utilização de recursos tecnológicos,
inteligência artificial e algoritmos. Neste cenário, torna-se necessária a
ilustração da assertividade nos processos, seja pela área de Talent Acquisition ou Gestão de
Desempenho.
Recursos como chatbots, plataformas digitais, modelo
e-commerce, IoT, realidade virtual e aumentada, tecnologia tridimensional,
soluções que fazem uso de inteligência artificial têm revolucionado o mercado,
mudanças que atingem inclusive o cenário de Talent
Acquisition. O HR Tech está em alta, trazendo novas metodologias e práticas
de tecnologia junto ao RH. Não há espaço para
“achismos” e insistência em um “status
quo” lento de middle performance.
De outra forma o RH estará agindo de maneira obsoleta, abrindo mão de talentos
disputados pelo mercado.
O grande desafio
ainda está em captar e engajar o colaborador alinhado à perspectiva da alta
gestão. Entretanto, a lógica do sucesso nunca foi um caminho simplista e fácil,
pois liderar pessoas, potencializar talentos, ou promover o justo limite de uma
realidade tênue entre a autoridade e o respeito na relação entre a alta gestão
e colaboradores trata-se de uma estratégia onerosa e necessária. Exige perfil,
exige talento, exige prontidão e significância, exige um RH que saiba fazer a
diferença na atuação, bem além de input
de dados e operacionalização.
Cabe lembrar que
sofremos influências políticas e econômicas de um cenário completamente
instável, seja pelos juros, cargas tributárias, reformas trabalhistas ou
segurança nacional, e esta volatilidade tem tornado a atuação dos CEOs mais
árdua. A atmosfera de extrema incerteza vivenciada não pode ser usada como
justificativa no mundo corporativo para a normose, precisa ser transposta com
reposicionamento estratégico, recursos tecnológicos como BIG DATA e
investimento no capital humano. Não há tempo nem espaço para a inércia
organizacional, a revisão da estratégia precisa ser contínua, a visão precisa
se estabelecer promovendo o sentimento de “vestir a camisa”, ser o melhor
naquilo que faz, efetivamente aproveitar intensamente as habilidades, promover empowerment, alinhando a escuta com o
compartilhamento das responsabilidades.
Nesse contexto
dinâmico, volátil e desafiador, a área de Gestão de Pessoas deve atuar na
promoção do sentimento de pertencer a algo maior, com objetivo, propósito e
estratégias coerentes quanto à fala e a postura do RH e, principalmente, do
CEO, que dissemina a direção, consolidando e estimulando verdadeiros líderes
comportamentais, pautados em figuras inspiradoras, que reforçam o sentimento de
acreditar, inclusive pelo exemplo.
Vivemos na
era digital e temos clara a importância das redes sociais em várias vertentes, desta
forma transmitir uma imagem corporativa sólida e coerente com a real estrutura
e a retratada na mídia social gera credibilidade perante o mercado seja para o
consumidor, parceiros ou para o futuro colaborador, na promoção do
fortalecimento da marca empregadora.
Em
suma, inovação é uma das palavras mais utilizadas atualmente no universo
corporativo, seja na criação de novos produtos e serviços ou na promoção da
satisfação da experiência dos clientes, que, por sua vez, estão cada vez mais
exigentes, contribuindo para iniciativas de investimento sistemático em
tecnologia, principalmente no gerenciamento de dados de forma inteligente. Tal
realidade passa a demandar um profissional de RH versátil, engajado, capaz de
dialogar em profundidade com todos os partners,
TI, MKT, apoiando o CEO na gestão dos colaboradores e estimulando o melhor de
cada um, traduzindo assim a verdadeira gestão do capital humano.
Soraia
Finamor Neidenbach
Psicóloga organizacional
Especialista em Psicopatologia-USP e em Gestão de
Pessoas-FGV Management
Mestranda FGV-EAESP