Após
atravessar a maior crise já vivenciada no Brasil, já se fazem sentir para o
setor automotivo os primeiros sinais de recuperação, apesar de ser lenta e
gradual quando comparada ao ritmo que o setor se encontrava até 2013.
Deve-se
destacar que, diferentemente de muitos países que apresentam uma queda
acentuada em seus mercados em função da dificuldade ou mesmo impossibilidade do
surgimento de novos clientes, a crise brasileira decorreu das incertezas da
economia brasileira nos últimos anos, ocasionando uma redução brutal de
investimentos realizados pelo setor privado, bem como pela diminuição do poder
de consumo da sociedade brasileira, seja pela queda do PIB, seja pelo maior
nível de endividamento das famílias.
O impacto ocasionado
pelo menor volume de investimentos das empresas gerou um nível de ociosidade
nas fábricas de caminhões da ordem de 80%, enquanto que o segmento de veículos
foi surpreendido com um nível de ocupação industrial de cerca de 60%. Cumpre
ressaltar que mesmo com baixo nível de utilização fabril, nenhuma indústria
encerrou as atividades no País, sendo que algumas inclusive reforçaram sua
presença neste mercado. Pode-se sinalizar que os problemas levantados
acarretaram uma demanda reprimida do setor que tende a se desfazer nos anos
seguintes, uma vez que os investimentos e o poder de consumo serão retomados no
futuro.
As
dificuldades do segmento de caminhões e veículos em nosso País provocaram uma
retomada das exportações do setor automotivo, estratégia esta usualmente
utilizada pelas empresas para minimizar os efeitos decorrentes dos altos e
baixos de uma economia em desenvolvimento como a do Brasil. Deve-se salientar
que no passado, as exportações foram abandonadas pelas empresas aqui instaladas
com o objetivo de focar o atendimento no mercado brasileiro.
O rápido
retorno às exportações das indústrias brasileiras se deveu a capacidade ociosa
das nossas fábricas, cujas concepções originais obedeceram a um formato de
utilização como plataformas de produção global de veículos e caminhões e não
apenas para uso local. Estudos internacionais comprovam que o Brasil se situa
como o principal País para servir de base fabril para toda a América Latina, ao
se considerar seu mercado
extremamente promissor, atestado pelo indicador de 4,7 habitantes por veículo
no Brasil, contra 3,2 na Argentina, 1,7 na Alemanha e 1,2 nos Estados Unidos.
A presença de
24 OEM’s em nosso País respalda-se também pelo fato de termos absorvido
conhecimento e capacidade de desenvolver produtos globais com a experiência
acumulada de mais de 60 anos do setor automobilístico no Brasil.
Todos os
fatores acima levantados justificam uma avaliação bem apurada sobre a
necessidade do Governo Brasileiro dar continuidade a concessão de incentivos
fiscais ao setor automobilístico brasileiro através de Programas que sucedam ao
Inovar-Auto, tendo em vista a grave situação fiscal existente em nosso País,
que tende a se estender ao longo dos próximos exercícios.
Não se pode
negar que a potencialidade do mercado brasileiro já representa o principal
incentivo para as empresas aqui instaladas, que para fazerem frente a elevada
competitividade existente, terão necessariamente que realizar investimentos
para se manterem neste poderoso mercado. Algumas consultorias internacionais
projetam uma redução no número de empresas mundiais atuantes neste setor.
A crise
fiscal reinante exige prioridades do nosso Governo sobre aquilo que é ou não
indispensável como merecedor de incentivos, cabendo ressaltar que o setor
automobilístico pode ser considerado como um dos maiores beneficiários fiscais
ao longo de toda a sua existência no País.
Torna-se
premente a realização no Brasil de elevados investimentos em infraestrutura,
cujo sucesso depende de sobremaneira de recursos financeiros a serem aplicados
por Fundos e Fundações internacionais, que somente atuam em Países que possuem
“Investment Grade” concedido por 2 Agências Internacionais de Classificação de
Risco.
Esses
investimentos se revestem de uma importância muito grande de tal forma a se
reduzir o custo Brasil, bem como para permitir que a sociedade brasileira possa
usufruir com maior rapidez dos benefícios a serem gerados pela breve evolução
tecnológica do setor automobilístico, que requerem uma infraestrutura bastante
evoluída em relação ao patamar atual.
Antônio Jorge Martins
é Mestre em Gestão Integrada em Saúde do Trabalho e Meio Ambiente pelo SENAC e especialista no setor automotivo
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